"Uma das questões que habitualmente me colocam é:
“Porque é que as pessoas não atingem o que querem da vida?”
Parece um tema batido, mas tenho assistido assustadoramente a uma cada vez maior problemática associada a esta pergunta.
Quando somos líderes, esta pergunta acaba por ter um peso diferente.
Liderar não é fazer, liderar é conseguir que a nossa equipa faça aquilo que nós na maioria dos casos faríamos bem.
Nos dias que correm, em que a motivação não pode, por motivos óbvios, estar ligada a aspectos financeiros, torna-se fulcral que o líder consiga entender como é que a cabeça das pessoas que lidera funciona e, ao fim ao cabo, o que as faz correr.
Poderia estar aqui a escrever sobre este tema a tarde inteira. Afinal de contas, é um tema que me apaixona há muitos anos e que fez toda a diferença no sucesso que tenho tido como formador, coach, consultor, vendedor, director comercial, director geral.
Não escrevo todos os meus papéis para me gabar, mas sim para que se entenda que esta questão é comum a todos os perfis que possa ter na vida.
No meu entender, existem vários aspectos para que as pessoas não atinjam o que querem da vida.
No meu entender, existem vários aspectos para que as pessoas não atinjam o que querem da vida.
1. Não sabem o que querem
Parece simples, mas a maior parte das pessoas não sabe o que quer. Se lhes perguntarmos o que é que querem da vida, a resposta típica é:
“Quero ser feliz.”
Ora bem, conhecem alguma pessoa, a não ser que seja um caso patológico, que não queira ser feliz?
Não é o ser feliz que está em causa, é sim o que compõe para esta pessoa a felicidade. Quais são as variáveis que tinham de estar presentes para que esta pessoa pudesse considerar que é feliz?
Esta questão tem um aspecto mais subtil. Se não sabemos o que é a felicidade, como é que sabemos como caminhar para lá e, acima de tudo, como é que vamos saber que já a atingimos?
2. Não têm um plano para lá chegar
Ligada ao primeiro tema surge a segunda questão: algumas até sabem o que querem, mas não fazem a mínima ideia de como lá chegar…
Ou seja, qual o caminho?
Um grande objectivo não se “come” todo de uma vez.
“Come-se às fatias”, para não ficarmos enfartados.
Por muito básico que o plano seja, convém que exista. Com as acções e passos que achamos que temos de dar para lá chegar.
Prefiro mil vezes alguém que tem um mau plano do que alguém que não tem plano nenhum.
Pelo menos o primeiro sabe o que é que tem de fazer a seguir para lá chegar.
3. As metas não são deles
O que nos leva ao terceiro problema.
A maioria das pessoas não corre pelas suas metas, mas pelas dos outros.
Já lá dizia um amigo meu:
“O meu Pai queria que eu fosse Engenheiro.”
Parece simples, mas aqui reside o problema de muito do insucesso das empresas. As pessoas correm pelas metas da empresa e não pelas suas.
Pela minha experiência pessoal, sempre que isto me aconteceu, dei-me mal.
Há que perceber o que queremos da nossa vida primeiro para que depois percebamos se a meta que a empresa nos coloca à frente vai permitir lá chegar ou não.
Outro problema é quando as metas são da sociedade, da família ou dos amigos.
Acha que tem a mesma energia a lutar por algo que lhe é socialmente “imposto”?
4. Não estão dispostos a pagar o preço
Agora é que começa a doer. Tudo o que falamos antes vai cair nesta pergunta:
“Está disposto a pagar o preço?”
Se não estiver, talvez seja melhor mudar a sua meta ou objectivo. E não é que exista algum mal nisso.
Muitas pessoas escolhem metas que parecem apelativas numa primeira instância, mas esquecem-se de que existe “sempre” um preço a pagar. Seja dinheiro, tempo, relações familiares, saúde ou qualquer outro, ele está lá.
Muitas pessoas escolhem metas que parecem apelativas numa primeira instância, mas esquecem-se de que existe “sempre” um preço a pagar. Seja dinheiro, tempo, relações familiares, saúde ou qualquer outro, ele está lá.
Nós é que não estamos ainda a vê-lo.
5. Sentir-se merecedor
Por último – embora, como deve imaginar, isto não esgote o tema – talvez a mais subtil de todas as questões.
Muitas pessoas não atingem o que querem pelo facto de que de alguma forma, consciente ou muitas vezes inconsciente, não se acham merecedoras do resultado.
O receber é como um elástico.
Se não vamos progressivamente esticando, rapidamente ele volta ao tamanho inicial.
Pense comigo: tem maior facilidade em dar? Ou em receber?
A maioria das pessoas a quem faço esta pergunta na nosso workshop responde “dar”.
Alguns, mas poucos, respondem “receber”, mas olhe que são mesmo uma minoria, muito, muito “piquinina”.
Alguns, mas poucos, respondem “receber”, mas olhe que são mesmo uma minoria, muito, muito “piquinina”.
Este é talvez o factor menos explorado na performance das pessoas e das equipas.
Pense comigo.
Pense comigo.
Tem uma pessoa na equipa que tem um desempenho acima da média. Pelo trabalho que tem apresentado e devido a uma oportunidade que surgiu tem a hipótese de promover esta pessoa para uma posição mais elevada face ao resto da equipa.
Ao promovê-la podem ocorrer diversas coisas. Uma delas é a pessoa, devido a uma auto-estima baixa, achar, embora lá dentro já tenha dado provas do contrário, que não é merecedora.
O que é que acha que vai acontecer?
Provavelmente o seu subconsciente vai sabotar o processo e o que ela acha vai acabar por se tornar realidade por uma questão de congruência mental interna.
Em vez de um profissional de sucesso que foi promovido, temos agora um problema.
É que esta pessoa, ao voltar para a sua antiga posição, já não será a mesma, quanto mais não seja porque agora, perante os olhos do resto da equipa, tem a marca de “falhado”.
E agora? Ainda acha que liderar e conseguir das pessoas que o acompanham o que de melhor elas têm para dar é simples? "
Jose Almeida