sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Saindo da zona de conforto




"Uma das nossas necessidades mais essenciais é a segurança. Queremos segurança financeira, segurança para poder andar na rua, segurança nos relacionamentos, segurança no trabalho, segurança no trânsito, e por aí vai. É uma necessidade real e válida. Em nome da segurança construímos casas e moramos dentro delas, e nelas colocamos tudo aquilo que queremos proteger: a nossa família, o nosso relacionamento, as nossas contas, o nosso carro. Estabelecemos um comportamento que cria uma zona de conforto na nossa vida. Nesta zona de conforto sentimo-nos a salvo das ameaças que o mundo oferece com uma frequência muito maior do que gostaríamos.


Este comportamento torna-se uma rotina, e dentro dela movimentamo-nos com desenvoltura. O problema começa quando a zona de conforto e a sua aliada, a rotina, assumem proporções grandiosas, ofuscando a nossa essência.
Isso faz com que se sinta esgotado, sem disposição mesmo para as mínimas atividades, mesmo aquelas que gosta. É como se estivesse vivendo um sonho que já não lhe traz realização, mas somente obrigação e peso. É chegada a hora de procurar novos sonhos!

Engolidos pela rotina

O filme argentino "Um Conto Chinês" fala sobre um homem que preza a sua zona de conforto mais do que tudo, alguém que vive engolido pela rotina. Este homem encontra um chinês que não fala espanhol, perto do aeroporto, após ter sido expulso de um táxi. Este encontro, uma intervenção do acaso (será mesmo?) vai transformar a sua vida, fazendo-o rever a sua zona de conforto. É um excelente filme, que traz uma reflexão muito profunda sobre como o que fazemos em nome da segurança pode tornar-se um obstáculo à nossa realização como seres humanos.

As nossas buscas mais essenciais, como viver um relacionamento com amor ou trabalhar dentro das nossas habilidades e vocação, podem ser mascaradas pela zona de conforto, causando um descontentamento constante, que envenena as nossas vidas e pode tornar-nos amargos, sem brilho nos olhos. Viver desprovido de sentido opacifica o olhar, o sorriso, e deixa o coração enevoado! Por isso, ame loucamente, trabalhe com garra, encontre sentido nas suas ações, impeça que o dragão da rotina mastigue os seus ossos e cuspa-os na sua cama à noite, para novamente mastigá-lo logo cedo no dia seguinte. Tudo isso sem precisar abrir mão da responsabilidade.Olhe para o mundo como se não o conhecesse, mude a posição em que se senta no trabalho, mude de lado na sua cama, procure novos ângulos. Abra um espaço para o inesperado na sua vida e vai surpreender-se!

"Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
obre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo."

Fernando Pessoa

adaptado do original de Marcelo Guerra

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